A história da avaliação de disciplinas remonta aos primórdios da UFV revelada pela atenção com a qualidade do ensino ministrado na instituição. Há indícios de que a avaliação de disciplinas era uma das preocupações do Dr. Peter Henry Rolfs, primeiro diretor da então denominada Escola Superior de Agricultura e Veterinária – ESAV. Além das iniciativas individuais de professores e de trabalhos de dissertação de mestrado sobre o tema, a UFV adotou, em diversas oportunidades, a avaliação de disciplinas de âmbito institucional. A primeira de que se tem notícia ocorreu no final da década de 1970, com a criação da Unidade de Apoio Técnico (UAD), mais tarde transformada em Unidade de Apoio Educacional (UAE), que tinha dentre suas atribuições avaliar disciplinas e promover cursos de atualização pedagógica para o corpo docente da Instituição.
As primeiras avaliações consistiam na aplicação de questionários aos alunos no dia da prova final da disciplina. A partir dessas avaliações, foram oferecidos cursos de capacitação para os professores, incluindo um curso sobre Metodologia de Ensino, que abordava diversas teorias, métodos e técnicas pedagógicas. No entanto, como ocorreu com outras iniciativas posteriores, essa também foi interrompida.
Com o decorrer do tempo, novas propostas de avaliação surgiram, sendo que algumas não tinham caráter obrigatório, dependendo sua aplicação da vontade do professor.
A avaliação de disciplinas, obrigatória, ocorreu pela última vez na UFV no período compreendido pelo 2° semestre letivo de 1995 ao 1° período letivo de 1997, com a aplicação de dois questionários: um para os estudantes e outro para os professores. Seus resultados eram fornecidos, aos professores e diretores dos Centros de Ciências, em dados quantitativos sobre cada item abordado. Os resultados eram analisados e discutidos em reuniões dos Centros de Ciências. Cabia ao professor interessado procurar a UAE para receber as orientações necessárias. Além disso, os resultados foram utilizados para avaliar professores em período probatório e até mesmo para progressão horizontal na carreira.
Considerando a utilização dos resultados dessa última proposta de avaliação, pode-se concluir que, pelo menos por algum tempo, esse projeto exerceu duas funções: formativa e somativa. A primeira, enquanto instrumento para realimentar o processo ensino-aprendizagem, fornecendo dados que auxiliassem na busca de melhoria das práticas pedagógicas. A segunda, classificatória, fornecendo dados para tomada de decisão a respeito da contratação permanente do novo professor ou para promoção. Em 1997 o CEPE normatizou o processo de avaliação de disciplinas na UFV por meio da resolução nº 17/97/CEPE.
Com a aposentadoria da maior parte dos técnicos que atuavam na UAE e a não reposição de seus quadros, verificou-se a necessidade de estudar o processo de avaliação existente e decidir pela sua manutenção ou reformulação.
Em 1999 o CEPE determinou que as disciplinas de graduação fossem avaliadas a cada período de oferecimento, revogando assim a resolução nº 17/97/CEPE.
Em maio de 1999, foi nomeada a Comissão Permanente de Avaliação de Disciplinas – COPAD, por meio da Resolução CEPE Nº 02/99, para cursos de graduação, composta por professores dos quatro Centros de Ciências, especialista em estatística, um representante dos estudantes de graduação e um especialista em avaliação educacional, com o objetivo de analisar os resultados das últimas avaliações na UFV, de propor as modificações necessárias, de implantar e implementar o novo modelo. Também foi atribuída à COPAD: a gestão do processo de avaliação, incluindo coleta, processamento, sistematização e divulgação dos dados; e estabelecer o calendário de avaliação e zelar pelo seu cumprimento. Essa Resolução determinava que o processo de coleta de dados deveria se efetivar por meio de consulta a alunos e professores, a partir de questionários e, ou, por meio de outros instrumentos.
Ao analisar os relatórios de avaliação, a COPAD decidiu elaborar uma nova proposta de avaliação, com objetivos claramente definidos, incluindo um programa específico de análise e reflexão para atender aos novos desafios que se impunham às diversas instâncias da comunidade acadêmica. Tais reflexões envolviam questões específicas de ensino aprendizagem; questionamentos de natureza mais qualitativa; decisões a serem tomadas e a definição das melhores orientações a seguir. Com isso foi criado, em janeiro de 2002, o Projeto para Avaliação Continuada das Disciplinas dos Cursos de Graduação da UFV (PAD). Destaca-se que, naquela época, ele foi apresentado pela UFV ao Departamento de Projetos Especiais de Modernização e Qualidade do Ensino Superior – SESu-MEC. As avaliações semestrais em 2003 foram realizadas manualmente, porém em 2004, há registros de sistema online, sinalizando o início da utilização de processo informatizado, porém somente em 2008 que foi implementado o Sistema de Avaliação de Disciplinas – SISCOPAD que vigorou até 2019. Esse modelo de gerenciamento da avaliação de disciplinas, informatizado, reúne os dados e extraídos dos questionários aplicados a professores e estudantes e oferece vários tipos de filtros e relatórios. O questionário do professor é composto por 27 questões e o do estudante 30; ao final, possui um campo para que o respondente faça observações textuais sobre o desempenho da disciplina no semestre avaliado. As questões estão agrupadas nas seguintes categorias: autoavaliação; avaliação da aprendizagem; conteúdo; dinâmica da disciplina; interação professor/estudante; e objetivos. Para cada questão, o respondente atribui uma nota de 0 a 5, com as seguintes classificações: Ótimo (média a partir de 4,0); Bom (média de 3,0); Regular (média de 2,0); Sofrível (média de 1,0); e Péssimo (média inferior a 1,0). Professores e gestores de ensino na UFV possuem acesso aos relatórios, conforme seus respectivos níveis de envolvimento com as disciplinas. Esses relatórios, gerados por meio de diversas possibilidades de filtros, apresentam os resultados das avaliações, expressos em médias para cada item avaliado, além das observações textuais feitas pelos respondentes.
Com o avanço das tecnologias e a acessibilidade da internet e dos aparelhos móveis, foi necessário repensar o SISCOPAD. Em 2017, a Comissão iniciou um trabalho de revisão do processo de avaliação de disciplinas, com o objetivo de aumentar a participação dos respondentes. Também, em colaboração com a Diretoria de Tecnologia da Informação (DTI), foi iniciada uma análise para a criação de um sistema que se articulasse com as tecnologias digitais, como o celular, visto que para responder ao questionário era necessário que o estudante utilizasse o computador. Além disso, foi feita uma revisão nos questionários utilizados, com a finalidade de reduzir o número de questões; e um estudo para definição de normas, para a análise e utilização dos resultados dessa avaliação na promoção de melhorias do ensino. Esse trabalho resultou na criação de duas Resoluções CEPE/UFV: nº 15/2018 e nº 11/2019.
Em 2015, o Conselho Técnico de Graduação – CTG teve sua estrutura alterada por meio Resolução CEPE nº 08/2015, criando, entre outras, a Comissão Permanente de Avaliação de Cursos, do CTG.
A Resolução nº 15/2018, seguindo a nova organização do CTG, revogou a Resolução CEPE Nº 02/99 que havia criado a COPAD e atribuiu à recém-criada Comissão Permanente de Avaliação de Cursos, do CTG, a gestão do processo de avaliação das disciplinas, que inclui: elaboração dos instrumentos de avaliação; coleta, processamento, sistematização e divulgação dos dados. Essa Resolução também detalhou etapas da avaliação das disciplinas, definindo competências para as instâncias colegiadas dos cursos de modo a produzirem relatórios com pareceres e ações reunidas num relatório final a ser apresentado ao CEPE.
Ao iniciar os trabalhos de aplicação dos procedimentos de gestão do processo de avaliação, a Comissão Permanente de Avaliação de Cursos, do CTG percebeu a necessidade de rever a Resolução CEPE/UFV nº 15/2018, de forma a detalhar os procedimentos e as competências no processo de avaliação de disciplinas, gerando a Resolução nº 11/2019.
Ao longo do tempo, desde sua criação em 2002, o Programa de Avaliação de Disciplinas – PAD sofreu algumas alterações, principalmente com a introdução de procedimentos de gestão do processo de avaliação de disciplinas com as Resoluções CEPE/UFV nº 15/2018 e nº 11/2019, porém conservou a estrutura desenhada nesse Projeto, mantendo a finalidade, os objetivos e os fundamentos metodológicos que norteiam a avaliação de disciplinas de graduação na UFV.
Com a Pandemia, em 2020, a avaliação das disciplinas tornou-se imprescindível diante do oferecimento do ensino de graduação totalmente de modo remoto no denominado “Período Especial de Outono – PEO” (autorizado pelo CEPE Resolução nº 03/2020). Diante da urgência de uma ferramenta que atendesse à demanda do momento, optou-se por utilizar o Google Forms para coletar dados, a partir do questionário adaptado às condições do ensino remoto. Os dados coletados foram compilados no Power BI, o que possibilitou a leitura e análise detalhada dos resultados. Paralelamente, a Diretoria de Tecnologia da Informação – DTI desenvolveu um formulário mais adequado ao processo de coleta de dados, que passou a ser utilizado nos Períodos Especiais Remotos – PER subsequentes (PER/2020, PER 2/2021 e PER 3/2021), ainda durante a pandemia.
Com o retorno das atividades presenciais na UFV, no primeiro semestre do ano de 2023, o questionário passou novamente por uma revisão, adequando-o ao ensino presencial. A Comissão Permanente de Avaliação de Cursos, do CTG, foi reconstituída e retomou os trabalhos para a criação da dinâmica de gestão dos resultados da avaliação de disciplinas para o Ciclo 2023/24. Realizou-se discussões sobre a aplicação dos preceitos da Resolução 11/2019, detectando-se a necessidade de revisão de seus procedimentos, o que culminou na Resolução CEPE 03/2024, em vigor.
A Resolução 03/2024 confirma a política de gestão dos resultados da avaliação das disciplinas, que consiste: na elaboração e ou revisão dos instrumentos de avaliação; na coleta, processamento, sistematização e divulgação dos dados; na análise e providências dos gestores, visando a melhoria do processo de ensino de graduação na UFV. A Resolução 03/2024 também estabelece ciclos anuais de gestão da avaliação de disciplinas e redefine: as etapas da avaliação das disciplinas; as competências das instâncias colegiadas dos departamentos/institutos para analisarem os dados, produzindo diagnósticos e planos de ação para mitigar os problemas identificados, que contemplem as demandas dos cursos. Os planos de ação deverão ser compatibilizados nos centros/diretorias de ensino e, posteriormente, analisados na Comissão Permanente de Avaliação dos Cursos do CTG, compondo um Relatório de Resultados Consolidados do Ciclo. Esse Relatório contendo Plano de Ação, Relatório dos Resultados alcançados e os impactos na qualidade do ensino, deve ser apresentado à Comissão Permanente de Ensino de Graduação (Copeg) e ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe).
Seguindo o que foi determinado nesta Resolução, em 2024, a Comissão organizou e deu início ao Primeiro Ciclo da Gestão da Avaliação das Disciplinas(2023/24). Para isso, detalhou os procedimentos em documentos explicativos (Resolução CEPE nº 03/2024, “Dinâmica dos Resultados da Avaliação de Disciplinas, “Trâmite do Processos de Avaliação de Disciplinas”, Tutorial de Uso do Painel de Avaliação de Disciplinas” e Cronograma do Ciclo 2023/24”) encaminhados via processo SEI aos 40 Departamentos (do Campus Viçosa) e aos 8 Institutos (4 do Campus Florestal e 4 de Rio Paranaíba) para que cada um, junto às Comissões Coordenadoras dos respectivos cursos envolvidos realizassem a gestão da avaliação das disciplinas sob sua responsabilidade.Depois de muitos anos de existência de procedimentos de avaliação de disciplinas na UFV, foi realizada uma ação conjunta de análise dos resultados, buscando solucionar os problemas identificados.